domingo, 29 de junho de 2014

A de André, A de amor

Hoje morreu o filho da Judite de Sousa. É devastador. Mas não é devastador por ser o filho dela, é devastador por ser o filho de alguém, o amor de alguém, o amigo de alguém, o porto de abrigo de alguém, o alguém de alguém. E era um alguém ainda muito jovem, com todo o mundo pela frente para conquistar. 
Não o conheço, não faço ideia se era boa ou má pessoa, mas era o alguém de alguém. E foi cedo demais. E eu partilho essa dor - aquela dor que fica quando alguém nos deixa cedo demais. É isso que me parte o coração e corrói as entranhas e me faz querer não sentir mais nada. 
Foi ele, podia ser qualquer um dos meus amigos. Podia ser apenas um conhecido, como já foi (e doeu, muito). Mas foi cedo demais ainda assim.
Diz-se que a pessoa continua a existir na nossa memória, mas a memória é traiçoeira. Sem querer às vezes esquece-mo-nos de detalhes que jamais podíamos esquecer. E não temos mais o nosso alguém ali para poder tocar, sentir, conversar e recordar o detalhe esquecido. E depois vem a saudade, e as lágrimas deixam de ser de dor e passam a ser de saudade. A imensa saudade que abre o peito ao meio e faz os telemóveis e as novas tecnologias parecerem ridículas e inúteis.
Hoje morreu o alguém de alguém. Por isso, garante sempre que o teu alguém sabe que é alguém de alguém. 


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